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Arquitetos: CoDA Arquitetura
- Área: 135 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Joana França
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Fabricantes: Ladrilharia, Objeto Casa, Primavera Enxovais, Tokstok, Uso Atelier, WS marmoraria
É sempre um prazer e um desafio criar coisas novas respeitando a tradição, principalmente em uma cidade como Brasília, onde seu tombamento vem de sua tradição modernista. O apartamento encontrado se destacou por estar praticamente intacto em relação ao seu projeto original. O edificio da década de 60 se localiza no bairro mais antigo da cidade, a Asa Sul.
Neste projeto, tivemos a sorte de trabalhar com uma família que valorizou esses aspectos e estava aberta para experimentar novas soluções. A maior motivação do casal para o projeto foi a vontade de construir um espaço de qualidade para a família. As diretrizes eram simples: integração, respeitar o orçamento, valorizar os produtores locais e a história do lugar.
Com uma área de 135m², o projeto de reforma desse apartamento foi baseado na reestruturação espacial, que dispunha de uma clara divisão entre área social e área de serviço. Tal divisão tornou-se obsoleta nos dias de hoje e não se mostra adequada à realidade da família. Além disso, a disposição destas áreas e a sua compartimentação impediam a ventilação cruzada da lavandaria para a sala e a entrada da luz dessa mesma fachada nos espaços sociais e de circulação.
A redução substancial da área de serviço foi o ponto chave que possibilitou a ligação entre a cozinha e a sala, abrindo assim a vista para a fachada posterior, criando um novo protagonista do espaço: a parede de cobogó. Para isso retiramos a meia parede que fechava parte da parede do cobogó e trouxemos o elemento para o teto da cozinha, reforçando a ligação entre o exterior e o interior. O elemento também se mostrou útil ao permitir a saída de calor, e também como caminho para a iluminação artificial durante a noite, ocultando as instalações do teto.
Trata-se de não apenas valorizar a herança modernista da cidade, mas dar a ela novos significados e possibilidades. Como a peça original do cobogó não foi mais encontrada, a solução foi confeccionar as peças manualmente por meio de um forro de gesso moldado especialmente para o projeto. Esta colaboração com artistas e construtores locais resgata o espírito pioneiro de construção da capital.
Outros aspectos espaciais do apartamento também precisavam de uma reformulação: a restauração geral dos pisos, revestimentos e instalações que se encontravam em más condições. Assim, foi proposto tanto a atualização da infraestrutura hidráulica e elétrica, como a implementação de novos materiais que renovassem o espaço e ao mesmo tempo trouxessem a sensação de conforto como os ladrilhos hidráulicos e piso original de taco.
O design de interiores apresenta uma combinação leve com elementos bem diversificados, onde os desenhos variam em peças de azulejos coloridos da ladrilharia, móveis em compensado naval do designer ricardo theodoro do uso atelier, estantes metálicas e objetos da tradição brasileira como o berimbau, cadeiras de fio típicas e plantas ornamentais.